26.4.08

Eu, Papai e a Pipoca.


Lembro até hoje. Eu tinha uns 7 ou 8 anos. Estava sempre sentada na minha cadeirinha, vendo TV CRUJ. E sempre, sem falta, aparecia ele, meu herói na porta. Com a cuia de chimarrão e uma jarra de pipoca nas mãos. Antes, eu reparava que a tarde ia se indo, sabia que a aula ia acabar e o meu herói estaria lá, me esperando com uma latinha de guaraná ou teen. Saia correndo e abraçava aquela figura de bigode, que sempre pegava a minha mochila pra eu não carregar mais o peso. Na frente da minha escola, tinha um senhor grisalho que vendia pipoca. Às cinco de meia da tarde de todos os dias, aquilo rodiava de criança pedindo um saquinho. "Doce ou salgada?", eu pedia salgada. Nunca fui muito com a idéia de comer pipoca com sabor de achocolatado. Meu herói pagava o senhor, trocava algumas palavras amigas, nunca antipático. E íamos nós em direção a nossa casa. Particularmente, era um luta. Eu queria fazer tantas coisas ao mesmo tempo e era tão pequena pra isso. Queria comer a pipoca, tomar refrigerante, contar o que aprendi no dia, sair saltitante da rua e segurar a mão do meu superpai. Pipoca. Ainda me perguntam o porquê de eu gostar tanto disso. É milho estourado. É a maior lembrança deixada pelo meu pai. O amor que eu sentia da parte dele em me oferecer isso era lindo. Não importava se ele fazia ou não, mas essa pequena demonstração de carinho marcou a minha vida. É extremamente doloroso pensar que faz anos e que nunca mais vou receber essa demonstração de carinho dele. A última lembrança da pipoca, do meu pai e minha juntos foi quando eu peguei um pacote, coloquei no microondas e ofereci a ele e perguntei se estava bom. Com a voz fraca, meu velhinho disse que estava muito bom e que ele já podia morrer. Eu já sabia fazer pipoca! Mas a pipoca não é mais a mesma. Não tem mais o mesmo sabor, nem o mesmo amor. Pequenas lembranças como esta e tantas outras, me fazem refletir e choras às vezes. Horrível pensar em não ter um coração tão bom por perto mais. Tento transformar isso em um aprendizado, mas essas lembranças deixam tantas saudades. Só quem teve isso e perdeu me entende. Quem não teve recomendo fazer isso pro seus filhos, porque quero que lembranças assim perpetuem nos meus filhos. Esse carinho incondicional entre pais e filhos. Te amo, meu "datão"! :)

2 comentários:

Adriano disse...

maninha ;_;
me emocionoou o texto ;_;
te amo :**

Unknown disse...

muito bonito, me fez lembrar da minha infância e dos meus momentos com o meu pai!
bjaooo